Ao contrário do que muitas pessoas pensam, São Francisco de Assis não criou o
Tau – símbolo pelo quais os franciscanos são conhecidos. O Tau já havia sido
utilizado no Egito antigo e na arte da civilização Maia, além de aparecer em uma
passagem da Sagrada Escritura. Acompanhe nosso artigo para aprender mais
sobre este símbolo e seu significado.

Significado do Tau

O Tau é a última letra do alfabeto hebraico, o mesmo utilizado pelos judeus, e a
nona letra do alfabeto grego. No início do cristianismo, muitas pessoas ainda se
comunicavam por meio de imagens e o Tau foi adotado porque a sua forma
lembrava a cruz pela qual Jesus Cristo se ofereceu para salvar o mundo.
Além disso, como a última letra do alfabeto hebraico, era uma profecia do último
dia e tinha a mesma função da letra grega Ômega, como aparece no livro do
Apocalipse: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim” (Ap 21,6).

Tau, Sinal de Salvação

Existe somente um texto bíblico que menciona o Tau. Nele o símbolo serve como
sinal que, colocado na fronte dos justos de Israel, os salvou do extermínio:
“O Senhor lhe disse: ‘passa no meio da cidade, no meio de Jerusalém, e marca com
um Tau na testa os homens que gemem e suspiram por tantas abominações que
nela se praticam. Matai velhos, rapazes e moças, mulheres e crianças, matai-os
todos, até o extermínio. Mas não vos aproximeis de ninguém que foi marcado com
o Tau’”. (Ez 9 4;6).

Portanto, o uso do Tau significa estar sob o domínio do Senhor, é a garantia de ser
reconhecido por Ele e ter a sua proteção.

O Uso do Tau na Idade Média

Bastante divulgado na Idade Média, este símbolo expressava a perfeição, a
finalidade última, o santo propósito, o ponto de equilíbrio entre forças contrárias.
A sua linha vertical significa o superior, o espiritual, o absoluto, o celeste. A sua
linha horizontal lembra a expansão da terra, o material, a carne.

O Tau na Igreja

No mês de novembro de 1215, o Papa Inocêncio III presidia um Concílio na Igreja
Constantiniana de Roma. Entre os participantes estavam São Domingos e São
Francisco. Na sessão inaugural do Concílio, no dia 11 de novembro, o Papa falou
com energia, apresentou um projeto de reforma para uma Igreja ferida pela
heresia, pelo clero imerso no luxo e no poder temporal.
Então, o Papa Inocêncio III recordou e lançou novamente o signo do TAU. Era
preciso uma reforma de costumes. Uma vida vivida numa dimensão missionária
mais vigorosa sob o dinamismo de uma contínua conversão pessoal. São Francisco
saiu do Concílio disposto a aceitar a convocação Papal e andou marcando os
irmãos com o TAU, vibrante de cuidado, ternura e misericórdia aprendida de seu
Senhor.

 

Seu Uso por São Francisco

Francisco de Assis assumiu para si a marca do TAU como sinal de sua conversão e
da dura batalha que travou para vencer-se. Não era tão fácil para o jovem
renunciar seus sonhos de cavalaria para chegar ao despojamento do Crucificado
que o fascinou. Este era um sinal que revelava uma escolha de vida. O sinal do Tau
era-lhe preferido acima de todos os outros: ele o utilizava como única assinatura
para suas cartas e pintava-lhe a imagem nas paredes de todas as celas (cela =
espécie de dormitório).

Os biógrafos franciscanos nos dão testemunhos da importância que São Francisco
dava ao Tau: “O Santo venerava com grande afeto este sinal”, “O traçava no início
de todas as suas ações”, “Com ele selava as cartas e marcava as paredes das
pequenas celas” (cf. LM 4,9; 2,9;). Assim Francisco vestia-se da túnica e do Tau na
total investidura de um ideal que abriu muitos caminhos.

Para São Francisco, o Tau lembra a missão do Senhor: reconciliadora e
configuradora, sinal de salvação e de imortalidade; o Tau é uma fonte da mística
franciscana da cruz: quem mais ama, mais sofre, porque muito ama, mais salva.
Cruz não é morte nem finitude, mas é força transformante; é radicalidade de um
Amor capaz de tudo, até de morrer pelo que se ama.

 

Fonte de Milagres

No relato de alguns milagres, conta-se que Francisco fazia o sinal da cruz sobre a
parte enferma dos doentes. Após ter recebido os estigmas no Monte Alverne,
Francisco traz em seu corpo as marcas do Senhor Crucificado e Ressuscitado.
Marcado pelo Senhor, imprime a marca do Senhor que salva em tudo o que faz.
Conta-nos um trecho das Fontes Franciscanas que um enfermo padecia de fortes
dores; invoca Francisco e o santo lhe aparece e diz que veio para responder ao seu
chamado, que traz o remédio para curá-lo. Em seguida, toca-lhe no lugar da dor
com um pequeno bastão arrematado com o sinal do TAU, que traz consigo. O

enfermo ficou curado e permaneceu em sua pele, no lugar da dor, o sinal do TAU
(cf. 3Cel159).

Uso do Tau

O Tau não é um amuleto, mas um objeto sacramental que nos recorda um caminho
de salvação que vai sendo feito ao seguir, progressivamente, o Evangelho. Usar o
Tau é colocar a vida no dinamismo da conversão: Cada dia devo me abandonar na
Graça do Senhor, ser um reconciliado com toda a criatura, saudar a todos com a
Paz e o Bem. Usar o Tau é transformar a vida pela Simplicidade, pela Luz e pelo
Amor. É exigência de missão e serviço aos outros, porque o próprio Senhor se fez
servo até a morte e morte de Cruz.

 

 

 

 

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