Na História dos santos temos milhares de figuras que se destacaram através de sua ação caritativa. Nomes como São Bento, São Domingos, e as recém-canonizadas Santa Teresa de Calcutá e Santa Dulce dos Pobres devem ser sempre lembrados. No entanto, se consolidou nomes que há séculos estão gravados em nossa memória sempre que falamos de caridade: São Vicente de Paulo.

Nascido no final do século 16 teve sua vida pautada pela mensagem de Deus. Entregou-se inteiramente aos preceitos do Senhor, tornado-se sacerdote.

Comovido pela situação de miséria do povo Francês, que após a destruição de constantes guerras e disputas internas, epidemias e outros males, organizou como pôde grupos de assistência espiritual e social. Figura singular foi movido pela criatividade. Sempre tinha uma resposta a dar. Sempre conseguia ajudar alguém. Famoso também em meio a elite soube fazer que os nobres vissem aqueles que não eram vistos. Dos nobres conseguia donativos, e assim ajudava ainda mais aos necessitados.

Sábio conselheiro espiritual sabia ouvir as diversas necessidades de quem o procurava, não importando a condição social. Assim, até o rei o buscava a fim de acalmar seu espírito inquieto.

Com o objetivo de ajudar mais ativamente e de maneira mais organizada, fundou uma congregação religiosa de padres, a Congregação da Missão, que são mais conhecidos como vicentinos, mas que foi popularmente nomeados por lazaristas, pois a primeira habitação que tiveram tinha como padroeiro São Lázaro. Ainda hoje este grupo religioso pode ser designado por estes três nomes: os Padres da Congregação da Missão (nome oficial), vicentinos ou lazaristas.

São Vicente também ajudou a fundar outro grupo religioso para mulheres. As Filhas da Caridade (vicentinas). Ele já conhecia a história de outra fundação, que era a Ordem da Visitação (visitandinas) que tinham um trabalho de visita às famílias e aos pobres, ajudando-os em suas necessidades, inspiradas na cena bíblica da visitação de Maria a Isabel (Lc 1, 39-56). Mas esta ação acabou por não mais ocorrer devido ao estilo de vida religiosa apresentado por esta nova ordem. Na época não era permitido às religiosas saírem do mosteiro. Todas as ordens femininas viviam em clausura. A ação de visitar as pessoas exigia sair do mosteiro e esta atividade não foi bem recebida pelo clero. Esta ordem teve o incentivo de São Francisco Xavier e Santa Joana Francisca de Chantal, uma baronesa, por tanto, membro da nobreza, é a co-fundadora da ordem. Ela com as demais irmãs tiveram que se enclaururar. A visitação seria espiritual com orações e preces.

Já o grupo religioso fundado por São Vicente e Santa Luísa de Marillac, as Filhas da Caridade, embora vivessem à maneira das religiosas, ou seja, colocando em prática os preceitos evangélicos, elas não são consideradas uma congregação. Já com a experiência com as visitandinas, São Vicente evitou problemas. As irmãs da nova fundação não professaram os votos religiosos. Se assim o fizessem, elas deveriam ficar na clausura, e o trabalho caritativo, tão necessário, não seria permitido a elas. As Filhas da Caridade tem uma vida ativa com trabalhos na educação, mas principalmente no campo da saúde. Como não existiam hospitais mantidos pelo governo, elas atendiam os doentes em construções edificadas exclusivamente para este fim, tudo fruto das pessoas que as ajudavam. Tornaram-se numerosas, pois todos viam nelas as mulheres da salvação que vem do Cristo. E de fato, elas salvaram muitas vidas do sofrimento físico, mas também espiritual. Acabaram por ser o protótipo das novas congregações religiosas que surgiram posteriormente, agora já fora da clausura. Abriram o caminho para as novas fundações que se seguiram.

Ainda hoje muitos hospitais e clínicas são mantidos pelas vicentinas e pelos vicentinos, os padres e as irmãs. Mas no século 19 um advogado inspirado pela espiritualidade de São Vicente resolveu estender a ação caritativa para além dos religiosos. O Bem-Aventurado Frederico Ozanan fundou as Conferências de São Vicente de Paulo, hoje presente em todo o mundo, onde os fieis leigos, homens e mulheres, jovens e veteranos agem com suas mãos, seus pés, sua voz e inteligência conforme a mensagem do Cristo: Fui pobre, doente, preso, nu, tive fome e me destes auxílio (Mt 25, 31-46).

São Vicente dá nome a muitas instituições por que ele é exemplo para todos. Seguindo sua maneira de vida, vendo Cristo no outro, transformamos nossa realidade e nos aproximamos mais de Deus.