Em dois dias do ano a cor rósea é utilizada na liturgia para expressar alegria. Isto ocorre no Terceiro Domingo do Advento e no Quarto Domingo da Quaresma. O primeiro ganhou o apelido de DOMINGO GAUDETE e o domingo da alegria quaresmal ficou conhecido como DOMINGO LAETARE. Ambos os nomes vêm do latim, a língua oficial da Igreja, utilizada na liturgia no rito extraordinário da missa e conservada no canto gregoriano. Gaudete quer dizer alegrai-vos. É desta mesma palavra que temos o vocábulo gáudio, hoje muito pouco usado na última flor do Lácio. Já Laetare é simplesmente alegra-te. Muitos de nós conhecemos algumas mulheres chamadas Letícia. Pois bem, Letícia vem de Laetitia, que por sua vez deriva de Laetare, e tem o mesmo significado.

Os dois termos encontram-se nas antífonas de introito das missas de seus dias. No Advento a antífona da alegria é a seguinte: Gaudete in Domino semper: íterum dico gaudete. […] Dominus prope est. = Alegrai-vos sempre no Senhor: repito, alegrai-vos. O senhor está próximo; (Fl 4, 4)

Já na quaresma, a antífona da alegria é: Laetare, Ierusalem, et conventum facite omnes qui diligites eam; gaudete cum laetitia, qui in tristitia fuistis; ut exsultetis, et satiemini ab uberibus consolationis vestrae. = Alegra-te Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que a amais; vós que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos com a abundância de suas consolações.(Is. 66, 10-11)

Sabemos que durante estes dois tempos litúrgicos, Advento e Quaresma, as cores utilizadas é a roxa, sendo muito mais expressiva na quaresma devido à grande ênfase que se dá à penitência proposta. Para suavizar o período, no Domingo Laetare o roxo dá lugar ao róseo.

Aprendemos ainda muito cedo na escola a classificação técnica e natural das cores, sendo elas primárias, secundárias, terciárias e neutras. As cores também podem conter uma simbologia espiritual. Na teologia das cores o roxo, que é uma cor secundária formada a partir da adição entre o vermelho e o azul, representa justamente a humanidade que se deixa transformar, que se permite crescer. O vermelho é a cor do sangue, do sacrifício e do amor, faz alusão à condição humana, do seu lado terreno. O azul, por sua vez, é a cor do céu, da transcendência e da verdade, ou seja, a condição espiritual. A junção do vermelho e do azul, que gera o roxo, é o ser humano completo, sua condição carnal e espiritual. Lembra a condição frágil e pecadora cuja qual é inerente a todo homem e a toda mulher, mas também a esperança da vitória sobre o pecado, nosso destino como Filhos de Deus. Por isso mesmo, ao utilizar o roxo durante o tempo da quaresma, a Igreja quer lembrar a necessidade de conversão, pois é este um tempo favorável como o itinerário de quarenta dias nos quais a graça divina jorra como abundante fonte sobre nossas vidas.

A cor rosa é a mistura de vermelho e branco. O vermelho é o sangue, como vimos. É a entrega total de Cristo pela nossa salvação. O branco é a pureza e a glória. O róseo significa dizer, portanto, que a história não acaba na dor, no sofrimento e na morte. A história continua. Lodo depois vem a glória da ressurreição, a vitória de Cristo sobre a morte.

Com relação ao dia, o domingo é o dia mais importante para o cristão, que deve ter por ele a maior reverência, pois é o dia da recriação, dia que suplanta o sábado como dia de descanso, dia no qual Deus se levanta vitorioso do sepulcro. Todo domingo celebramos a Páscoa. É a páscoa semanal. É o dia do encontro entre os cristãos. A assembleia. É o dia do louvor, do culto sagrado no Cristo ressuscitado.

Tanto o Domingo Gaudete quanto o Laetare, dão maior ênfase no significado fundamental da importância do domingo. Lembra que é dia de alegria, que devemos alimentar nossa vida nesta alegria. É a alegria de ser cristão, de fazer parte da família de Deus.

O Domingo Laetare é também conhecido como domingo das rosas, devido à tradição de os cristãos durante a Idade Média se presentearem com rosas. Aliás, a Rosa de Ouro que o papa costuma oferecer a personalidades surgiu nesta ocasião. Inicialmente o papa a oferecia ao prefeito de Roma. No século 19 a Princesa Isabel do Brasil também a recebeu. Ela posteriormente a ofereceu a Nossa Senhora Aparecida como sinal de sua devoção e reverência. Devido a este costume, é permitido ornamentar, mas com simplicidade, os altares das igrejas com rosas. Também as alfaias e paramentos seguem o matiz. Ainda não é a hora do grande bradar de glória, mas como se aproxima este dia, no Laetare nosso coração já se regozija como um prenúncio de exultante vitória.

 

 

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