No Século XVII Nosso país conheceu a arte de um dos mais importantes artistas brasileiros e o precursor da chamada arte barroca colonial. Trata-se de Frei Agostinho de Jesus. Nascido no Rio de Janeiro em 1600, Agostinho de Jesus foi monge beneditino e um dos discípulos de um outro Agostinho, o da Piedade, monge beneditino português, também escultor.

Sabe-se que a maioria das obras de Frei Agostinho de Jesus foi criada para os mosteiros beneditinos, especialmente os do Rio de Janeiro e de São Paulo. No Mosteiro de São Bento, no Centro de São Paulo, encontram-se as mais importantes obras do monge artista. No altar mor da Basílica de Nossa Senhora da Assunção – nome oficial da igreja do mosteiro – estão as estátuas em tamanho natural, esculpidas em barro, de São Bento e de Santa Escolástica.

Agostinho de Jesus passou boa parte de sua vida na cidade de Santana do Parnaíba, onde havia um mosteiro, hoje desaparecido.

Os mosteiros beneditinos sempre foram grandes propagadores da arte e da cultura. Seguindo a mesma tendência, os mosteiros de São Bento de São Paulo, Santana do Parnaíba e Sorocaba também deram sua contribuição às artes. Tais mosteiros se concentraram como grandes difusores da escola artística de barro cozido – arte bandeirante. É aqui que Frei Agostinho de Jesus ganha destaque. Sua influência foi tamanha, chegando aos santeiros populares. Acredita-se que sua obra tenha inspirado até mesmo, o trabalho do mestre do barroco brasileiro, Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

Ainda hoje, a influência artística de Frei Agostinho de Jesus nos alcança com grande força. Um dos maiores símbolos brasileiros, a imagem milagrosa de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Padroeira do Brasil, guardada na Basílica Nacional em Aparecida, São Paulo, foi confeccionada por este baluarte da Ordem de São Bento. A catalogação da obra de Agostinho de Jesus se deve a um outro ilustre beneditino, Dom Clemente Maria da Silva Nigra, monge alemão que viveu no Mosteiro de São Bento de Salvador, Bahia. Com maestria incomparável Dom Clemente reuniu toda obra de nosso artista e a partir de pesquisas minuciosas de estilemas e demais técnicas, atribuiu a imagem de Aparecida a Frei Agostinho de Jesus. Com isso, foram feitos exames científicos que comprovaram ser a imagem feita com terracota de Santana de Parnaíba, local da produção de frei Agostinho de Jesus.

É possível que a imagem de Nossa Senhora Aparecida tenha sido levada por parnaibanos à região do Vale do Paraíba. Foi aí que povoaram e fundaram cidades. Dentre eles estava o Cap. José Correia Leite, tio avô de frei Antônio de Santana Galvão (1739-1822), cuja fazenda ficava onde a imagem foi encontrada. Não se sabe ao certo como a imagem foi parar no rio. Há hipóteses de que havia uma capela dedicada à Nossa Senhora da Conceição, às margens do Rio Paraíba, em Roseira. Uma enchente acabou por destruir a capela, levando a imagem na correnteza. Outra hipótese é que havia já na época o costume de jogar nos rios ou enterrar imagens de santos que tenham sido quebradas. Como a imagem de Aparecida foi encontrada quebrada, sem a cabeça, esta é uma possibilidade mais aceita.

O monge-escultor, Agostinho de Jesus morreu no Rio de Janeiro em 1661.

Em Santana do Parnaíba, no ano de 2001, houve um reconhecimento singular a este grande religioso-artista brasileiro. Foi inaugurado na cidade um monumento, a estátua de Frei Agostinho de Jesus no seu ofício de escultor. A estátua faz alusão à produção da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Esculpida pelo artista plástico parnaibano Murilo Sá Toledo, a estátua de Frei Agostinho de Jesus pode ser vista no Largo de São Bento – local originário do antigo mosteiro beneditino onde viveu o escultor.

 

 

 

 

 

 

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