Muitos de nós católicos já devem ter visto, principalmente entre os jovens da Igreja, uma pequena corrente presa ao pulso. Trata-se de uma devoção mariana difundida a partir do estímulo de São Luís Maria Grignon de Montfort.
Nascido em 1673, na França, de uma família extremamente católica, o pequeno Luís Maria, com a idade de 12 anos ingressa num colégio jesuíta, despertando aos poucos sua vocação religiosa.
Ao fim do século 17 torna-se sacerdote. No alvorecer do século seguinte sua missão chega a diversas pessoas, principalmente devido a suas pregações e escritos espirituais e teológicos. Mas não foi tão fácil para ele e não foi tão logo que lhe foi dada a oportunidade de ser um pregador. Ele deveria ainda se preparar para este encargo e mesmo na frustração inicial, entregou-se à proteção da Virgem Maria. E ela o ajudou. Com a benção do papa ele tornou-se missionário apostólico na França, viajando por várias regiões ensinando a Palavra de Deus e a doutrina católica. Para tanto, Luís estudava os escritos santos, ganhando mais experiência com a dimensão do sagrado.
Seu trabalho foi incansável e para executá-lo com maior empenho, conseguiu reunir discípulos a partir de três congregações religiosas: os Padres Monfortinos, as Irmãs da Sabedoria e os Irmãos de São Gabriel.
Dentre as obras que escreveu a mais popular é, sem sombra de dúvidas, o “Tratado da verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, onde versa sobre a defesa dos dogmas marianos, apresentando de maneira ao mesmo tempo profunda, clara e simples a verdadeira devoção que se deve prestar à Mãe de Deus. Trata-se de uma consagração a Cristo pela intercessão e exemplo de Maria.
Escrito por volta de 1712, o “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, foi publicada mais de cem anos depois, em 1843, pois São Luís havia guardado o que escrevera e após sua morte o manuscrito ficou guardado por muito tempo junto com outros documentos e pertences do santo. Há de se dizer que a obra não foi encontrada completa, faltando-lhe a primeira parte. Além disso, São Luís de Montfort não nos deixou um título para a mesma. O título foi dado pelos padres de sua congregação quando da primeira edição. Apesar disso, a obra tornou-se um clássico da espiritualidade, hoje muito acessível por terem as editoras católicas lhe dado grande atenção e publicado. Ao mesmo tempo a memória de São Luís de Montfort tem ganhado popularidade entre aqueles que veem e reconhecem Maria como caminho para o Cristo.
O pequeno grande livro foi recomendado por muitos papas, dentre os quais vale citar Leão 13, São Pio 10° e São João Paulo 2°, sendo este último um consagrado pelo método de São Luís de Montfort. É em sua obra que São Luís de Montfort nos apresenta a maneira de consagração a Maria representada visivelmente por muitos de nossos jovens com suas correntinhas no pulso. O santo se preocupou em distinguir a diferença entre servidão e escravidão. A escravidão proposta por nosso amado santo é a escravidão por amor, voluntária e livre. Nesta, escolhemos Deus e o seu serviço acima de todas as coisas. Como é uma escolha acertada, é a liberdade no amor divino.
As correntinhas são apenas o símbolo desta entrega. Mais importante que qualquer corrente visível, porém, é a consagração total ao projeto de Deus, sendo Maria o exemplo de fiel seguidora que confia nos seus desígnios, como ela mesma se fez escrava de Deus ao receber a missão de carregar no seu ventre o Filho do Altíssimo. Assim, consagrando-se a Maria teremos a certeza de que Deus nos recebe por seu amor, pois trata-se de sua mãe. Seguros de que por Maria, Mãe do Verbo Encarnado, devemos ir a Ele, e que Ela há de formar “grandes Santos” (nº 5). Maria é a escola. Ela nos ensina a rezar, nos ensina a amar.
Por esta escravidão de amor, nos ensina o santo, não só oferecemos a Cristo por Maria nosso corpo, nossa alma e nossos bens exteriores, senão inclusive nossas boas obras, passadas, presentes e futuras, com todo seu valor satisfatório e meritório, a fim de que Ela disponha de tudo segundo seu beneplácito (nº 121-125).
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