A Igreja do Brasil reserva o mês de agosto às comemorações das vocações. É o agradecimento pelo celeiro de vocações à disposição da ação da Igreja no mundo, não apenas as sacerdotais e religiosas, mas a todas as vocações, como a vida matrimonial e a vida leiga, independentemente de os representantes desta última pertencerem ao estado de solteiros ou casados. Trata-se da valorização de todas as vocações que são de grande importância para a vida da Igreja. O fundamento é a primeira carta de São Paulo aos Coríntios que nos ensina que há uma diversidade de dons, os quais procedem do mesmo Espírito. (1Cor 12, 4).

Há de se dizer, porém, que quando muitas vezes ouvimos a palavra “vocação” no meio eclesial, lembramos automaticamente dos presbíteros e dos religiosos e religiosas consagrados (as). De origem latina a palavra vocação significa “chamado”. É Deus que nos chama para o serviço na grande messe. A nossa vocação, dom gratuito de Deus, deve nos levar ao encontro com Ele. Deve nos levar ao céu.

Tal comemoração no mês vocacional é celebrada nos domingos, sendo em cada um deles destacada uma vocação específica. Assim, no primeiro domingo de agosto a Igreja dá especial atenção às vocações sacerdotais. Isto pelo fato de São João Maria Vianney (1786-1859), padroeiro dos sacerdotes, ser celebrado no dia 4 do mês. Para facilitar a comemoração e mais fiéis puderem participar, transfere-se o dia do padre para o 1.º domingo do mês.

Na semana seguinte, o domingo é dedicado à vocação matrimonial. A família é o celeiro de todas as demais vocações. O marido e sua esposa dedicam-se em bem criar seus filhos no caminho da santidade contribuindo na descoberta de sua verdadeira vocação, seja para a vida sacerdotal ou consagração religiosa, ou ainda para o matrimonio, futuros santos que formarão santos.

O 3º domingo a vocação de destaque é a da vida religiosa. Homens e mulheres que recebem o chamado para a consagração numa comunidade religiosa ou até mesmo à vida eremítica, sob o respaldo das bênçãos da Igreja.

Herança judaica, a vida religiosa consagrada se apresenta das mais diferentes formas. Há as freiras e frades, que se dedicam à vida missionária ativa em vários campos de atuação, assim como também nas paróquias, capelas e outras comunidades. Há os leigos consagrados, que embora não necessariamente religiosos, vivem à maneira dos religiosos. Existem também a vida religiosa contemplativa ou monástica, os monges e monjas, aliás, esta a primeira forma de vida consagrada cristã.

As diversas ordens, congregações e institutos de vida consagrada aproveitam a ocasião para apresentar sua maneira de viver, organizando encontros vocacionais onde podem de maneira pedagógica mostrar aos (às) jovens seu carisma e história, oportunidade de estimular e despertar o que pode estar escondido no coração. Tais encontros são de grande relevância, pois a partir daí podem ser selecionados (as) os rapazes e as moças para experiências nos mosteiros, conventos e casas de formação religiosa.

Por fim, no 4º domingo celebra-se a vocação dos leigos. Trata-se daqueles que permanecem solteiros ou se unem a alguém, constituindo uma nova família, e que se dedicam a trabalhos diversos na Igreja, contribuindo a seu modo na construção do Reino.

Nos anos em que o mês de agosto possui cinco domingos, como é o caso deste ano de 2021, o último domingo é dedicado exclusivamente ao catequista, ou seja, todos aqueles que transmitem a fé. Recentemente o Papa Francisco escreveu a carta apostólica sob a forma de motu próprio “Antiquum ministerium”, estabelecendo formalmente o ministério de catequista, serviço essencial na propagação dos ensinamentos de nossa fé.

No século 5º São Bento ainda jovem, vive o ideal monástico, que é a busca íntima com Deus, resumidos na oração e no trabalho dentro do mosteiro. Os ensinamentos beneditinos apresentam-se como um sinal para todas as vocações. Pois a vida beneditina não se restringe aos monges apenas. São monges e monjas, claro, mas há também sacerdotes que professam os votos monásticos, como também padres seculares que fazem sua oblação como oblatos. Homens e mulheres, casados (as) ou solteiros (as) vivem esta mesma espiritualidade como oblatos (as) seculares. É como se a Regra Beneditina fosse para todos aqueles desejam estar com Deus. Bem, é isto mesmo. Ela ultrapassa as muralhas do mosteiro e encontra-se espalhada por todo o mundo. Os beneditinos são homem, mulheres, monges, monjas, padres, freiras, casados, solteiros, catequistas. Todos buscam a unidade. Buscam ser Um só com Deus.

Para muito além de São Bento, não são poucos (as) os (as) santos (as) que desde os primórdios da Igreja, a partir de sua vocação, contribuíram na propagação da mensagem cristã e na instrução de seus ensinamentos. Homens, mulheres, sacerdotes, religiosos, religiosas, leigos (as)… Apontaram para Deus. Todos nós nos lembramos de algum exemplo vocacional, a começar pelos pais, avós e demais parentes, na igreja familiar, depois, na nossa comunidade, nas missas e demais celebrações junto ao sacerdote e aos demais fiéis. Também os religiosos e religiosas que por nós passaram deram sua contribuição em nossa vida. Sua missão de caridade, cuidando de quem mais precisa, nos lembra a todo instante que Deus está presente nos pequenos.

Descobrindo nossa vocação e alimentando-a ajudaremos nossos irmãos a se aproximarem ainda mais de Deus e também nós o encontraremos, pois nossa vocação é o céu.

 

 

 

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