Todo católico conhece o rosário ou seu fragmento, o terço, como instrumento de oração. Embora a sua fórmula mais conhecida seja o da tradicional com Pais-Nossos e Ave-Marias, meditando os mistérios da salvação, há outros rosários, terços e coroas como os Terços da Divina Misericórdia e o da Divina Providência. Apesar desta variedade considerável de invocações, o que nos interessa aqui é contar como surgiu o Rosário na sua forma tradicional. Isso se faz necessário, pois nem todos conhecem a história desta importante arma de oração contra o mal.

A figura de grande relevância para a história do rosário é São Domingos de Gusmão (1170-1221). Não quer dizer, porém, que ele tenha criado o instrumento. Em sua época o rosário já existia. Acontece que o santo fundador dos dominicanos também possuía dons místicos, sendo ele agraciado com magníficas visões. Numa delas, a própria Nossa Senhora lhe apareceu apresentando o rosário como um importante objeto pelo qual muitos iriam, por meio de sua recitação, se converter. Isso ocorreu num momento de grande angustia e esgotamento vivido por São Domingos, que tentava com muito esforço, trazer de volta à fé católica os aqueles que tinham se desviado, os hereges. Vivia a Europa entre os séculos 12 e 13, de modo específico o sul da França e o norte da Itália, uma grande onda herética conhecida como movimento cátaro. Dois grandes grupos, os albigenses e os valdenses atacavam a Igreja, introduzindo entre o povo ideias perniciosas. Regiões inteiras seguiam os falsos ensinamentos dos pregadores heréticos, de modo que em algumas cidades não havia mais católicos. Os pregadores hereges tinham a proteção e apoio de nobres e até mesmo religiosos.

São Domingos pregava as verdades da fé aos hereges, mas não obtinha sucesso algum. Certo dia, aflito e frustrado, adentrou numa floresta para chorar por seu fracasso. Foi quando Maria lhe apareceu, dando-lhe conforto e incentivando a não desistir de seu projeto. Deu-lhe o rosário e disse que por meio dele muitos se converteriam. O santo, então, sentiu-se forte e continuou seu trabalho de pregação. A partir de então, muitos retornaram à Igreja e com o tempo os hereges foram perdendo espaço até desaparecer da região.  São Domingos constituiu uma ordem religiosa para pregar contra a heresia, que rapidamente se espalhou pelo mundo.

Assim como é necessário alimentar nosso corpo diariamente, é também preciso alimentar a alma. Ela necessita dos nutrientes para continuar firme, principalmente contra o demônio que a todo instante tenta nos atacar. O rosário é justamente o escudo e a arma oferecida pela Mãe de Deus. Com isso, percebendo a necessidade da preservação desta sublime arma espiritual, o beato Alano de La Roche (1428-1475) organizou grupos de oração do rosário, conhecidos como confrarias. Foi na sua época – século 15 – que o rosário chegou ao formato que conhecemos hoje, não apenas física, mas também as orações e as meditações dos mistérios. Foi, porém, no século seguinte que o rosário ganhou grande força. Isto pelo fato de em 1572 o Papa São Pio V (1504-1572), também ele dominicano, instituir a festa do rosário a ser comemorada anualmente em 7 de outubro. Foi neste dia, daquele ano que ocorreu a vitória cristã da Batalha do Lepanto contendo assim a invasão dos turcos que tentavam dominar a Europa. Desde então, muitas igrejas passaram a ser edificadas sob patrocínio de Nossa Senhora do Rosário.

Com o desenvolvimento da vida religiosa, muitas congregações de freiras de vida ativa foram sendo fundadas, principalmente a partir no século 18, tendo Nossa Senhora do Rosário como padroeira. Além disso, o hábito destas mesmas congregações e até mesmo da Ordem dos Pregadores, fundada por São Domingos, carregam o rosário na cintura, para a oração dos religiosos, assim como também sendo sinal da confiança em Deus pela intercessão de Maria, advogada celeste.

Em 1917 a Virgem Maria se apresenta nas Aparições de Fátima como Nossa Senhora do Rosário. Ela mesma aconselha a todos a rezarem constantemente o rosário.

Também no início do século 21 o rosário ganhou especial atenção. Em 2002 o Papa São João Paulo II (1924-2005) escreveu a Carta Apostólica “Rosarium Virginis Mariae”, ocasião em que sugeriu os novos mistérios da luz.

Nos últimos anos, nossas paróquias e comunidades passaram a organizar grupos de oração do terço conhecido como o Terço dos Homens, pois um movimento especial que busca estimular os homens a rezarem o terço que por muito tempo era preconceituosamente visto como oração de mulher. O certo é que o terço é oração de toda a Igreja e São Domingos bem nos lembrou disso. É necessário nos convertermos e nos alimentarmos do que vem de Deus. O terço pode nos ajudar a nos aproximar daquele que salva com a ajuda daquela que é sua mãe.

 

Para saber mais sobre a vida de São Domingos conheça o livro escrito por Dom João Baptista Barbosa Neto, OSB “O Grande Pregador: Breve vida de São Domingos de Gusmão”, publicado pela Edições Loyola.

 

 

 

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