Quando chegamos ao mês de junho, logo nos lembramos das celebrações em honra aos santos Antônio, João e Pedro, no início, no meio e no final do mês respectivamente, fazendo que durante os 30 dias as festividades possam se desenvolver. Tem assim, a proteção das três expoentes figuras cristãs, que apontam para o Salvador da humanidade.

A época é marcada pela alegria, pelo colorido das bandeirolas, pelos doces à base de milho e a dança típica da quadrilha. É uma manifestação inconfundível. Para o nordestino é até mais importante que o Natal.

Santo Antônio, o martelo dos hereges, é na maioria das vezes lembrado como o santo casamenteiro. Este português se chamava inicialmente, Fernando de Bulhões. Mas após sua transformação pessoal, passou a ser nomeado Antônio, que significa nova flor. Tornou-se ele cônego agostiniano. Algum tempo depois, após ver e sentir a alegria e humildade franciscanas seguiu os passos do poverello de Assis, viajando pelo mundo até chegar à Itália. Sua pregação ajudou na conversão de muitos. Ao morrer em Pádua, passou a ser designado também com o nome do lugar, mas como nasceu em Lisboa, os portugueses preferem chamá-lo buscando fazer alusão à sua pátria. Na festa junina ele ajudará as moças casadoiras a encontrar um par ideal para viverem felizes.

São João é a figura principal das celebrações. Ele é filho de Isabel e Zacarias, portanto, primo de Jesus. Também seu nascimento é fruto de um milagre e tem como objetivo aplainar os caminhos do Senhor. Ele une o Antigo e o Novo Testamente, trazendo a novidade da salvação que se aproxima. Na festa junina é ele representado ainda criança, pois a celebração indica seu nascimento, celebrado no dia 24 de junho. O menino carrega um carneirinho nos braços, lembrando sua fala ao batizar Jesus no Rio Jordão: Eis o cordeiro de Deus!

São Pedro fecha o ciclo de festividades. É ele um dos discípulos de Jesus. Na verdade o chefe dos apóstolos. Homem simples tornou-se uma voz atuante na propagação da fé cristã. Escreveu cartas e esteve à frente de importantes debates, transformando-se em um pescador de homens. Sua fragilidade, seus medos e dúvidas aparecem em alguns episódios bíblicos. Sua negação é emblemática. Apesar disso, tornou-se o primeiro papa.

As fogueiras juninas também têm um significado. Elas devem ser acesas ao anoitecer da véspera da festividade, ou seja, 12 de junho, véspera de Santo Antônio; 23 de junho, véspera de São João; 28 do mesmo mês, véspera de São Pedro. A base de cada uma delas deve seguir uma geometria específica. Para Santo Antônio deve ser quadrada, lembrando os quatro elementos da natureza. Para São Pedro o formato deve ser o do triangulo, representando a Santíssima Trindade; Já para São João a base é circular, o símbolo perfeito, referência à sua missão como precursor da perfeição. Algumas mães, a fim de pedir proteção contra morte no fogo, costumam pegar suas crianças ainda muito pequenas e dar voltas pelas fogueiras, gesto comumente conhecido como batismo na fogueira.

A quadrilha junina encena a festa de um casamento, uma teatralização simples e divertida, onde se costuma construir o cenário de uma vila do século 18 no meio do sertão. Assim, temos os locais essenciais para tal, como a capela e diante dela o largo onde se pode dançar, a delegacia, e até mesmo o cemitério, tudo provisório, para o encanto dos visitantes, que apreciam e brincam com os espaços. Os componentes da quadrilha também buscam ser representados por figuras típicas. Tratando-se de um casamento, obviamente o casal de noivos não pode faltar. Há também o padre, o casal de ciganos, o guarda com sua esposa e os demais convidados que com suas vestes coloridas e remendadas se apresentam para um baile. Tudo isso com as bênçãos dos nossos santos queridos.

Vinda de Portugal, a festividade buscava recordar as memórias da terrinha. Adaptada à vida nas vilas do Nordeste do Brasil, ganhou um toque todo nosso. À luz de candeeiro e uma simples gaita (sanfona ou acordeon), acompanhada com as batidas da zabumba e com o tilintar do triangulo, formou o trio de instrumentos e músicos que os tocam, eternizados pela arte de Mestre Vitalino (1909-1963). Estes três instrumentos fazem também referência aos três santos: Santo Antônio é a zabumba. Sua pregação vem demolindo as muralhas do inimigo; São João é a sanfona. Instrumento complexo e exigente, traduz o sentimento da alegria quando Jesus se aproxima, assim como a dor de sua morte; São Pedro, por sua vez é o triangulo. Ele indica para a Trindade, Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, que no dia de Pentecostes o fez ser entendido nas mais variadas línguas, anunciando a mensagem salvadora para todos os povos.

Os três instrumentos e os três santos se unem com o forró, ritmo musical surgido a partir dos trabalhadores de ferrovias em fins do século 19. Como os engenheiros eram ingleses e falavam em suas línguas pátrias, quando na hora do descanso e nos momentos de lazer, chamavam os nativos da região para se unirem, diziam for all (para todos). Ao ouvirem aquela língua enrolada, os nordestinos entendiam é hora do forró. Tinha comida, música e alegria. Xote, xaxado e baião. E os instrumentos foram reunidos para celebrar os santos com louvores e festas.

Viva Santo Antônio, São João e São Pedro!

 

 

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