Uma das devoções mais populares entre os católicos é a da Virgem Maria sob o título de Nossa Senhora do Carmo. A devoção é marcada com um objeto singular: o escapulário.

Ligada a uma ordem religiosa, a dos carmelitas, Nossa Senhora do Carmo apareceu a um religioso inglês, Simão Stock (1165-1265), venerado como santo pela Igreja. Vivia ele, assim como outros, como eremita. A referência, porém é o Monte Carmelo, no atual Israel.

O Monte Carmelo é um local muito conhecido, pois a partir de relatos do Antigo Testamento, lá viveram os Profetas Elias e Eliseu. A partir de tão importante significado, ao longo da história outros passaram a habitar no lugar, a fim de se encontrar intimamente com Deus. O próprio nome do monte significa em hebraico “Vinha do Senhor”. Lá Deus cuida de sua plantação, que dará frutos belos e saborosos.

Mas a paz para os eremitas que vivam no Monte Carmelo passou a ser abalada a partir da época das cruzadas, pois a Terra Santa, nos seus mais diversos sítios sagrados, fora invadida e dominada pelos muçulmanos, expulsando assim os cristãos que lá viviam e impedindo a entrada dos peregrinos. Desta maneira, os carmelitas – eremitas que vivam no Monte Carmelo – tiveram que procurar outro lugar, espalhando-se pelo mundo conhecido, de modo mais específico a Europa.

É neste contexto que se dá a aparição de Nossa Senhora a Simão Stock, que se tornou uma espécie de superior dos eremitas advindos do Monte Carmelo. Na ocasião, Maria lhe oferece o escapulário ao religioso.

Escapulário vem de scapulae, que em latim significa ombro. Trata-se de uma parte do vestuário muito comum na antiguidade e Idade Média, composta por uma peça única, tendo uma circunferência onde se põe a cabeça, ficando as duas partes cobrindo a partir dos ombros o peito e as costas de quem a veste, motivo pelo qual assim é chamada. É uma espécie de avental, e representa justamente o serviço, pois se veste por cima de outras peças de roupa, a fim de não as sujarem. No sentido religioso, pois as ordens religiosas mais antigas como os beneditinos e dominicanos também possuem escapulário, assim como os antigos padres do deserto, representa o trabalho manual, o serviço dentro e fora do mosteiro ou do convento, consagração comunitária em vista da salvação das almas.

Mas o escapulário de Nossa Senhora do Carmo sofreu alterações. Ela não é uma peça do vestuário físico, mas espiritual. Presa por cordões ou fitas, tem na parte de trás e na frente dois selos contendo as imagens da Virgem Maria e a de Jesus, lembrando que quem o porta está revestido das bênçãos divinas. É, portanto, um mini hábito. Temos o selo sagrado, a chancela de Deus em nós. Ele nos protege no peito e nas costas.

Maria na aparição a São Simão lhe diz que quem estiver revestido com o escapulário na hora da morte, ganhará indulgências nunca concedidas. Mas é preciso cuidado na compreensão desta promessa. Não é um simples portar do objeto. Subentende-se que aquele que está revestido com o escapulário pratica os mandamentos de Deus e da Igreja, ou seja, esforça-se a cada dia ser uma pessoa melhor, reconhecendo na misericórdia de Deus e em sua graça que obterá a morada eterna, por meio de uma consagração àquela que junto a seu filho pede por nós. Não adianta nada portar o escapulário por um simples portar, e praticar justamente o contrário do que é bom. É hipocrisia.

A aparição de Maria a São Simão se deu no dia 16 de julho de 1251. Esta data passou a ser celebrada anualmente como o dia de Nossa Senhora do Carmo. Sua devoção e ao escapulário foi ano a ano se propagando por toda a cristandade e chegou até nossos dias.

Viva Nossa Senhora do Carmo!

 

 

 

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