O Sagrado Coração de Jesus é uma das devoções mais populares para com o Deus encarnado. Grande expoente da devoção é Santa Margarida Maria de Alacoque (monja da ordem da visitação), que no século 16 teve a graça da visão de Jesus em sua cela monástica. Na ocasião, o Cristo deixou o que ficou conhecido como as 12 promessas de seu sagrado coração.

É importante lembrar, porém, que a devoção é bem anterior, e tem obviamente fundamento no próprio Cristo e nos Evangelhos. A Santa Ceia é um dos momentos mais emblemáticos de intimidade entre Jesus e seus Apóstolos. João, o discípulo amado, recosta sua cabeça sobre o peito de Cristo. Ele ouviu o pulsar do coração de Jesus, e com toda certeza, sua vida foi cadenciada por esta bela canção.

A Idade Média foi o celeiro de várias devoções aos santos, à Virgem Maria e também a aspectos do Cristo e seus atos. Vale mencionar ainda, da presença constante do misticismo e das devoções populares no período, ajudando a propagação ainda mais a representação do coração de Jesus como sinal de seu amor divino por nós.

Santa Mectildes e Santa Gertrudes, são as duas principais figuras medievais consideradas as iniciadoras da devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Estas duas monjas beneditinas, tiveram diversas experiências místicas. Além de contemporâneas eram amigas. Mas quem são estas desconhecidas figuras, quase nunca lembradas quando se fala do Sagrado Coração de Jesus?

De origem nobre Santa Mectildes (Matilde) nasceu em 1241. Ainda muito jovem passou a viver num mosteiro junto com sua irmã mais velha, que já era religiosa. Por se destacar em sua prodigiosa inteligência e criatividade, no mosteiro recebeu a função de cantora do coro, pois possuía uma encantadora voz, recebendo das outras irmãs o carinhoso apelido de rouxinol de Deus. Das diversas visões que recebeu, Mectildes relatou em livros como o Livro da graça especial. Nos últimos anos de sua vida foi acometida por muitos males, vindo a falecer em 1299.

Mais jovem que Mectildes, Santa Gertrudes nasceu em 1256. Comumente conhecida como “Magna”, ou seja, “grande”, devido à sua bela e profunda escrita. Teve ela diversas experiências místicas, descritas nas obras espirituais que escreveu, além de poemas e canções.

Entrou ainda criança no mosteiro, com cerca de cinco anos. Sua mestra, Mectildes, lhe transmitiu a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Devido a isso, Gertrudes é muitas vezes representada com um coração no peito e no centro do coração a imagem do Menino Jesus. Conta ela que Jesus lhe apareceu e pediu-lhe que recostasse a cabeça sobre seu peito para sentir e ouvir as batidas de seu coração.

Conhecedora do canto gregoriano, Gertrudes, como Mectildes, exercia no mosteiro, o cargo de cantora. Devido à beleza de suas composições, é considerada a padroeira do canto gregoriano. Viveu até a idade de 46 anos, repousando em Helfta, no ano de 1302.

Na majestosa Basílica do Mosteiro de São Bento de São Paulo, magnífico exemplar da arte beuronense, há um altar dedicado a Santa Gertrudes, o primeiro à esquerda de quem entra na igreja. A atual imagem foi produzida especialmente para a nova igreja pelo artista belga Adrien Van Emelem (1868-1943), e entronizada em 1920.

Também a imagem de Santa Mectildes está presente na igreja, num altar dedicado ao Sagrado Coração de Jesus. Trata-se de um ex-voto em agradecimento à proteção do mosteiro durante os fatídicos dias da Revolução Tenentista de 1924. Após o conflito, o então abade, Dom Miguel Kruse (1864-1929) mandou erguer o altar. Ao lado da imagem do Sagrado Coração de Jesus, pode-se ver Santa Mactildes e Santa Margarida Maria de Alacoque.

Numa época em que muitos se esquecem do amor que Cristo tem por nós, vale conhecer a vida e obra destas tão importantes figuras que são Santa Mectildes e Santa Gertrudes. Elas nos ensinaram que a Ele devemos recorrer. Pois sua misericórdia é infinita. Não é a adoração a um órgão físico, mas ao Cristo total e a seu divino amor. É contemplar a humanidade de Cristo que quis assumir a nossa carne e em tudo viver a nossa condição. Ele se torna homem por amor a nós e com isto nos ensina a amar uns aos outros. Confiando no seu amor pedimos que o nosso coração possa ser semelhante ao d’Ele. Amar é se aproximar de Deus.

 

 

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